Os Zumbis de Orzudfajie
Por Thiago Berzoini
E por falar em zumbis: percebi ao amanhecer que essa cidade é feita por eles, para eles. O povo adora um morto-vivo. E não adianta fugir. No ritmo de uma lentidão graciosa, eles te pegam. E aí não tem jeito: ou você vira um deles ou eles te descarnam.
E pode gritar porque a cidade é surda aos teus apelos, cega à tua beleza e muda aos teus ouvidos.
Eles vêm assim, caminham mancos, quase não aguentam ficar de pé.
O sangue que carregam é alheio, pois o de seu corpo secou há muito, se é que um dia houve algum.
Houve sim. Eram como eu, como você. Eram uma armada graciosa na luta contra outros seres assombrosos, mas foi há muito. Não lembro quais eram.
Mas hoje, encare bem eles e veja o vermelho que corre!
Da vida não lhes pertence mais, são rubro líquido viscoso daqueles outros jovens.
É fato, muitos nasceram cegos. Nem viram quem lhes aconchegava, quando percebiam já estavam sendo acolhidos pelos braços frios dos mortos!
Iludidos, nem corriam.
Alguns até corriam de encontro, felizes! Tornavam-se um deles sem sequer saber o que eram. Muitos jamais souberam.
Outros souberam. Enxergavam perfeitamente... outros não viam, mas o faro era apurado.
E o cheiro da podridão é inconfundível.
Mas se renderam.
Lutar é muito mais difícil... e sabem: a resistência é inútil.
E é doloroso... muito doloroso quando um amigo está entre eles.
Você sabe o valor que o outro tem, mas...e agora?
Agora ele é aquilo. Podre por dentro, podre por fora. Querendo teu sangue.
Os mortos-vivos estão ao seu redor, cerco feito! Porque afinal de contas andam em bando!
São lentos, e de tão vagarosos sozinhos são facilmente derrotados.
Por isso surgem em hordas.
E às seis da manhã de um dia frio, na varanda do quinto andar à espreita do por vir eu percebo a paz.
Durou poucos minutos apenas. Enquanto o vazio flertava com a esperança, mas sem conseguir trepar e dar a vida a um novo sabor.
Assim, a noite foi sumindo. Consumida por um céu violeta, nublado.
E pela rua, eles já vagavam.
A munição agora é escassa. Não dura muito...A resistência teve muitos, agora são tão poucos.
E já quase não tem fôlego... Mas lutam, como resistem!
E os zumbis fechando o cerco. Lá embaixo nas ruas frias.
Se me atacarem (vão atacar), que venham números incontáveis...
Que descarnem logo essa cabeça que te pensa, esse sorriso que te esfola.
E pode gritar porque a cidade é surda aos teus apelos, cega à tua beleza e muda aos teus ouvidos.
Eles vêm assim, caminham mancos, quase não aguentam ficar de pé.
O sangue que carregam é alheio, pois o de seu corpo secou há muito, se é que um dia houve algum.
Houve sim. Eram como eu, como você. Eram uma armada graciosa na luta contra outros seres assombrosos, mas foi há muito. Não lembro quais eram.
Mas hoje, encare bem eles e veja o vermelho que corre!
Da vida não lhes pertence mais, são rubro líquido viscoso daqueles outros jovens.
É fato, muitos nasceram cegos. Nem viram quem lhes aconchegava, quando percebiam já estavam sendo acolhidos pelos braços frios dos mortos!
Iludidos, nem corriam.
Alguns até corriam de encontro, felizes! Tornavam-se um deles sem sequer saber o que eram. Muitos jamais souberam.
Outros souberam. Enxergavam perfeitamente... outros não viam, mas o faro era apurado.
E o cheiro da podridão é inconfundível.
Mas se renderam.
Lutar é muito mais difícil... e sabem: a resistência é inútil.
E é doloroso... muito doloroso quando um amigo está entre eles.
Você sabe o valor que o outro tem, mas...e agora?
Agora ele é aquilo. Podre por dentro, podre por fora. Querendo teu sangue.
Os mortos-vivos estão ao seu redor, cerco feito! Porque afinal de contas andam em bando!
São lentos, e de tão vagarosos sozinhos são facilmente derrotados.
Por isso surgem em hordas.
E às seis da manhã de um dia frio, na varanda do quinto andar à espreita do por vir eu percebo a paz.
Durou poucos minutos apenas. Enquanto o vazio flertava com a esperança, mas sem conseguir trepar e dar a vida a um novo sabor.
Assim, a noite foi sumindo. Consumida por um céu violeta, nublado.
E pela rua, eles já vagavam.
A munição agora é escassa. Não dura muito...A resistência teve muitos, agora são tão poucos.
E já quase não tem fôlego... Mas lutam, como resistem!
E os zumbis fechando o cerco. Lá embaixo nas ruas frias.
Se me atacarem (vão atacar), que venham números incontáveis...
Que descarnem logo essa cabeça que te pensa, esse sorriso que te esfola.
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