sábado, junho 03, 2006

Coligido, Revisitado

arquitetura, pedra, figura,
ruina, oceano
bate, bate,
Jamais se apura.

(brincadeirinha com um poeta local...)

Relógio de J.


"Faltavam cerca de quinze minutos para a terceira hora após o meio dia, não saberia Johan precisar com exatidão se eram realmente quinze exatos minutos, mas sabia que era algo que circundava os quinze minutos, talvez uns dois minutos a mais ou a menos, e porque não, cinco. Sim, cinco para Johan parecia mais óbvio, uma margem de erro de cinco minutos é mais plausível do que uma margem de erro de dois minutos, afinal, pois a margem de erro de dois minutos, é, para a maioria, ilógica. Johan se preocupa muito com horário, mas desde que, e não faz muito tempo isso, perdera seu relógio, ele, que sempre se guiava olhando para op pulso com atenção para, de fato, não se atrasar, agora, como deveria ser, se atrasava e por demais. Não que o relógio fosse responsável pelo seus atrasos e eventuais "descasos" com horários, mas era, de fato, era e não há quem não negue, e se negar é porque certamente nunca percebeu desde quando se atrasa o macambúzio rapaz. Mas era sim, desde o dia em que estragou seu eficaz, e pontualíssimo, relógio que ele se atrasa. Nada místico, mas é mais orientador um relógio de pulso do que de um de parede, pois o de pulso o acompanhava ao passo que o de parede, é óbvio, não. Assim, Johan caminhava passo-a-passo, lentamente buscando chegar até o relojoeiro, que naquele dia em especial fecharia mais cedo, às 15 horas, ele precisava consultar seu médico, e não era nada grave mas é que o relojoeiro do 215 era um tanto quanto hipocondríaco e sempre, duas vezes por mês, no mínimo, se dirigia ao médico, o doutor Juanez da Avenida Principal da cidade e que possuía consultório bem montado, com alguns aparelhos vindos do exterior, como um estetoscópio, por exemplo, comprado no Paraguai. Mas o fato do relojoeiro ser hipocondríaco não era de conhecimento de Johan, embora fosse de conhecimento geral a patologia do homem dos relógios. Assim como também fogia ao conhecimento de Johan, o horário em que o relojoeiro fecharia naquele dia.
Faltava ainda, um longo caminho até a rua onde se localiza a relojoaria do relojoeiro do 215, e talvez demorasse uns quinze minutos, não poderia isso ser estimado por Johan nem se ele tivesse em pleno funcionamento seu relógio, se ele chegaria em exatos quinze minutos... mas andava apressado, e já até ofegante, ao passo que na relojoaria o homem ajustava seus óculos na face, enquanto retirava detrás do balcão um pequeno ferro utilizado para fechar a porta de aço de sua relojoaria. Mal movimentada naquela terça-feira, fechar cinco minutos mais cedo, não lhe faria diferença..."