quinta-feira, janeiro 24, 2008

Tardes.

Por Thiago Berzoini

Calou-se, estupefato. Tomou sem glamour a xícara de café, enquanto a tarde cinzenta esfriava as faces. Olhava, perdido, mareando o globo.
Chorava, a cidade, uma chuva fina.
Um coração medíocre, mais morno que ontem, que nem o café esquentava, batia vulgarmente.
Tum.Tum.Tum.Tum. Batida seca, não parecia véspera de carnaval.
Alheias faces, sorrisos mantidos, dentes brancos ao redor e além.
A fumaça de um cigarro, cortina tímida mesa à frente.
Um conhecido a passos largos. Nem vê...quase. Sorriso forçado de lá e cá, finda em segundos.
São lábios sérios molhados em cafeína.
Burburinho contínuo, famílias, amigos, amores, crianças, jovens, idosos.
Ele.
(pensava:)
Em algum lugar: ela - que nem visitava mais.
Os dias.
Dias sim, dias não, a chuva costumeira.
A mesma mesa, o mesmo olhar: perdido.
O samba (no copo descartável).
O café, o desgosto e a mesma batida seca.
Nem parecia carnaval.