sábado, maio 05, 2007

Parcimonioso - I - Despertar

Por Thiago Berzoini

Relógio desperta, galo da vida moderna: são já matutinas oito marcadas.
Sôfrego, a vida toda lhe parece vulgar. Seja em dia de sol ardente ou noite de chuva parva, a teus olhos cansados toda vida lhe parece causar-lhe incômodo, a cidade é um pandemônio sem ouro, barroco cimento, onde toda correria é um formigueiro de vaidades desvaiaradas e ambições desmedidas.
Naqueles dias, invadiu-lhe uma montanha russa de sentimentos incontrolavelmente desesperadores, que em meio à altos e baixos circundavam seu ser e, em menos de meio minuto, a visão do céu lhe parecia menos azul.
E acordado a minutos secos de dia frio, bela imagem se formou na mente ímpar. Formosa outrora ojerizada, num instante é bruxa agora é fada.

Entediou-se de ficar deitado em sua cama, ninho quente, e moveu breve a cabeça, do teto á janela. Mas esforço era grande demais para se por sentado e se firmar em seguida em terra firme, os pisos de cerâmica, gastos, de seu quarto. Suspira, com dificuldade, como se ar fosse rarefeito. Com efeito, só tristeza lhe permeia o dia, teto de novo.
Fecha os olhos num pesar, quer dormir, não acordar.
Cochila mais cinco minutos, depois quinze.
Meio dia.
Vai levantar.